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Saúde

Volta Redonda: em vez de improviso, uma prótese de verdade

Saúde garante mais independência a idoso que sofreu amputação

18/10/2024 15:43:38
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“É uma nova vida, eu saí do inferno e entrei no Céu”. A frase é de João Batista de Souza, de 70 anos, que teve parte da perna direita amputada em decorrência da diabetes. Durante quatro meses, ele improvisou uma prótese com um cano de PVC para se deslocar, até o dia em que entrou no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) da prefeitura de Volta Redonda, que atende a pacientes com deficiências física, intelectual, visual e auditiva da cidade e de outras 12 do Médio Paraíba.

O aposentado recebeu toda a ajuda necessária, incluindo a nova prótese ortopédica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que foi entregue nesta semana. Com ajuda de uma muleta, João entrou na sala de atendimento com passos tímidos devido à prótese feita com poucos recursos, mas com o coração cheio de esperança. 

Os passos acanhados foram trocados por passos firmes e seguros, em direção a uma vida digna, com acessibilidade, qualidade e independência. “Agora vou poder fazer tudo: ir ao banheiro, cozinhar...Com a prótese improvisada eu precisava colocar uma cadeira para fazer comida, pois não conseguia ficar de pé. Com a prótese tudo será diferente, estou cheio de expectativas de ter uma vida normal, com mais independência, porque estava dependendo muito do meu cunhado para fazer as tarefas do dia a dia”, acrescentou o paciente.

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Olhando para o futuro sem se esquecer do passado, João Batista ponderou. “Me arrependo de não ter vindo aqui (CER III) antes. Não tem atendimento melhor, fui muito bem recebido por todos os profissionais. Vou me empenhar agora com a adaptação da prótese, quero chegar em casa e caminhar por todos os cômodos”, revelou.

Com olhar atento acompanhando cada detalhe, o cunhado de João, Paulo Chagas, falou da emoção ao vê-lo com a nova prótese: “Era um momento muito aguardado. Estou dando todo o suporte necessário desde que ele precisou amputar a perna. Fui casado com a irmã dele, que faleceu há dois anos. Se ela estivesse aqui estaria fazendo o mesmo por ele, ou, até melhor do que eu nesta jornada”.

A história de João é a primeira da série “Gratidão Não Prescreve”, desenvolvida pela prefeitura de Volta Redonda para contar histórias de pessoas que tiveram suas vidas transformadas depois de serem beneficiadas com algum serviço disponibilizado pelo governo municipal.

Felicidade para quem recebe e gratidão de quem faz – O técnico em órteses e próteses do Centro Especializado em Reabilitação (CER III) de Volta Redonda, Célio Gomes da Silva, trabalha devolvendo os movimentos dos pacientes. Ele se surpreendeu com a criatividade de João na fabricação manual da prótese.

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“É muito gratificante! O melhor de todo o trabalho é isso, ver a alegria do paciente andando com a prótese, não tem preço. Eu trabalho com órteses e próteses há 24 anos, e a cada nova história eu me emociono, pois cada caso é diferente. A história do seu João Batista foi uma das mais impressionantes, ainda mais pelo que ele fez, o que ele fabricou. Não tem explicação”, disse, acrescentando que com a nova prótese o paciente terá um tempo para adaptação, acompanhamento e fisioterapia. 

“Agora tudo será diferente, né? Um encaixe novo, ele vai sentir uma pressão aqui, outra ali, que é normal. Isso depois, com 15, 20 dias, tem ajustes porque o coto vai atrofiar. Isso é normal com todo mundo que usa prótese. E depois disso, fisioterapia, com certeza, porque ele tem que andar sem as muletas”, acrescentou o técnico. 

Mais de 18 mil atendimentos – Este ano, o CER III realizou 18.081 atendimentos, beneficiando deficientes físicos, intelectuais, visuais e auditivos do município e de toda a região. O local é referência para reabilitação das quatro deficiências, além da oferta de dispositivos auxiliares de locomoção como próteses, órteses, cadeiras de rodas, bengalas, muletas e próteses oculares, todas gratuitas. 

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“Temos três equipes para reabilitação física que atendem a pacientes neurológicos com problemas agudos e amputados de todas as idades – neste caso, oferecemos todo o processo para que ele receba a prótese, desde o molde, confecção, até a inserção. A maioria dos amputados é de doenças arteriais e vasculares, mas também há casos de amputação traumática, no qual o processo de adaptação com a prótese é mais rápido”, disse o coordenador do Centro, Vladimir Lopes de Souza. 

Atualmente, a maior demanda é para a deficiência intelectual. O centro acolhe pacientes com TEA (Transtorno do Espetro Autista) e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), por exemplo. Além do CER, a rede municipal de saúde presta assistência em outros dois locais. 

“Somos referência no acolhimento de pacientes com TDHA de 1 a 14 anos, sendo que menores de 1 ano são atendidos através do programa Follow-up (Centro de referência para crianças com atraso no desenvolvimento motor e intelectual). Parte da população com autismo é acolhida no CER III, porém o Hospital Municipal Dr. Munir Rafful  oferece o projeto Laço Azul, totalmente dedicado aos autistas”, explicou Vladimir.  

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Diagnóstico – Volta Redonda tem um processo de triagem e diagnóstico para deficiência intelectual que começa na Atenção Primária à Saúde, junto à rede municipal de ensino. “Quando há suspeita de deficiência intelectual, a criança é encaminhada para uma equipe de triagem. De 0 a 3 anos ela é direcionada para o programa Follow-up, de 3 a 14 anos, ao CER III. Esses pacientes também são encaminhados ao serviço de neuropediatria do Hospital Municipal Dr. Munir Rafful, onde é feito o diagnóstico”, informou Vladimir. Segundo ele, na maioria das vezes o tratamento é feito em grupo, mas há também o individual. “Hoje o nosso maior limitador no processo terapêutico é a falta de profissionais como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, mas essa questão ocorre em nível nacional. Por isso, temos uma fila de espera”.

O CER III, que atualmente funciona nas antigas instalações do Hospital Santa Margarida, no bairro Niterói, ganhará uma nova sede, que será na Arena Esportiva Nicolau Yabrudi, no bairro Voldac. A arquiteta Luísa Dias, da Secretaria Municipal de Saúde, adiantou que a obra está em fase de acabamento. Serão mais mais de 30 salas de atendimento, divididas em três pavimentos, com projeto arquitetônico acessível – incluindo piso e mapa tátil, rampas, corrimãos e barras de apoio. (Foto: Divulgação)

 

 

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