Cidades
Um espaço de terror durante a ditadura militar
E um caso único de condenação de militares da ditadura pela Justiça Militar
24/02/2024 10:09:15O 1° Batalhão de Infantaria Blindada (BIB) foi instalado em Barra Mansa em 1950 com a função de “assegurar a ordem pública” na região Sul Fluminense. Com o golpe militar de 1964, porém, se tornou um instrumento de perseguição política, inicialmente contra dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos e trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Com a chegada do bispo Dom Waldyr Calheiros à Diocese Barra do Piraí-Volta Redonda, católicos progressistas também se tornaram alvo de perseguições políticas, com opositores do regime ditatorial sendo presos e torturados no quartel.
Nas sessões de tortura, como descreveu o MPF, eram usadas luvas para “socar” diversas partes do corpo, barra de ferro, palmatoriado com o tamanho de um tacape indígena, choques elétricos com fios, torno de prensa – onde quebravam mãos, pés, joelhos e cabeça –, cigarros acesos para queimar a pele e agulha para enfiar sob as unhas dos presos.
O episódio de violência mais conhecido se passou em janeiro de 1972 e teve como vítimas quatro soldados: Geomar Ribeiro da Silva, Wanderlei de Oliveira, Juarez Monção Virote e Roberto Vicente da Silva foram torturados até à morte depois de presos sob acusação de tráfico de drogas dentro do batalhão. O caso resultou na única condenação judicial de militares envolvidos em tortura durante a ditadura, por determinação da própria Justiça Militar.
O 1º BIB foi desativado ainda em 1972, quando o quartel passou a abrigar o 22º BIMtz (Batalhão de Infantaria Motorizada), transferido de Barra Mansa na década de 1990. (Foto: Divulgação)