Economia
Se trabalhadores avaliarem bem, proposta será aprovada, diz diretor da CSN
25/05/2022 16:38:18Depois de dois anos sem reajustes, os funcionários da CSN vão decidir nesta sexta-feira (25), na terceira votação em escrutínio secreto, se aceitam a proposta da empresa para a renovação do acordo coletivo. Para Leonardo Abreu, diretor de Gente, Gestão e Diversidade da companhia (nova denominação da empresa para Recursos Humanos), se for bem avaliada pelos trabalhadores, a proposta vai ser aceita.
Nesta entrevista, ele ratificou que se trata da oferta final da companhia, mas expôs seu otimismo quanto à aceitação, tanto que preferiu nem abordar a possibilidade de o processo caminhar para o dissídio coletivo, em caso de nova rejeição. Há na CSN, contudo, o entendimento que esta hipótese pode ser um retrocesso para os próprios trabalhadores.
Leonardo Abreu falou também sobre a questão do banco de horas e ainda, pela primeira vez, sobre uma comissão formada pela empresa relacionada ao plano de saúde de seus funcionários, com mudança para um modelo que, no entendimento da siderúrgica, é muito mais eficiente.
Leia a íntegra da entrevista.
FOCO REGIONAL – A CSN apresentou a proposta como final. Não haverá mesmo outra?
LEONARDO ABREU – Não. Esta é a proposta final que estamos levando [para votação] na próxima sexta-feira. Estamos muito próximos do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) para praticamente 94% da população da usina. Então é a nossa última proposta.
FR – Se for recusada, como é que fica?
LA – Como disse, estamos muito próximos do INPC, mas não só. Com o cartão-alimentação, estamos acima do INPC, porque no cartão estamos chegando a R$ 500, aplicando a mesma coisa na creche, então nós acreditamos que a proposta vai ser aprovada, até mesmo porque não temos como subi-la mais.
FR – Mas, caso não seja aprovada, é dissídio coletivo?
LA – Na verdade vamos ter que entender quais seriam os próximos passos. Não vou dizer nem que sim, nem que não, mas teríamos que entender os próximos passos.
FR – A empresa propôs, inicialmente, 8,5% para quem ganha até R$ 5 mil e 5% para quem recebe acima deste valor. Agora a proposta, já sendo esta a terceira que vai a votação, é de 12% para quem ganha até R$ 5 mil e 10% para quem ganha mais. O que faz a CSN acreditar que estas mudanças vão levar à aprovação?
LA – Quando fizemos as propostas anteriores não tínhamos ainda fechado o índice de abril [do INPC]. E esta proposta tem ainda uma segunda mudança, que é a inclusão dos supervisores e técnicos nos 12%, independente do salário deles. E para a segunda faixa, acima de R$ 5 mil, subiu para 10%.
FR – Qual é a média salarial da CSN hoje?
LA – O salário médio operacional é de R$ 1,5 mil, R$ 1,6 mil.
FR – As pessoas avaliam hoje um aumento substancial do custo de vida, dos preços dos combustíveis, dos alimentos. Além disso a CSN citou, por meio de um de seus diretores, a eleição do Sindicato dos Metalúrgicos. O senhor teme que estes fatores possam influir nesta votação?
LA – Sendo honesto, espero que não. Espero que as pessoas avaliem a proposta e entendam que quando estamos tão perto do INPC, e em alguns outros reajustes, como do cartão, estamos acima, espero que não interfira. Espero que estes problemas sejam separados e que as pessoas avaliem e entendam a proposta e que nós consigamos a aprovação na próxima sexta-feira.
FR – Outra questão é que surgiu um movimento paralelo de reivindicação na CSN e que, na avaliação de muitos, porque há uma falta de credibilidade muito grande do Sindicato dos Metalúrgicos. Havia um pleito deste movimento, que formou uma comissão, de também negociar. A CSN se recusou baseada no fato de que o sindicato é o representante legal dos trabalhadores. Como o senhor avalia este movimento?
LA – Na verdade o movimento se iniciou de uma forma muito diferente. Primeiro, de uma forma que não era legal. É o primeiro ponto. E tomou um caminho de ameaças a supervisores, a líderes, a famílias destas pessoas, algo inadmissível. Como se pode divulgar como se faz um coquetel molotov? A foto, com o endereço, com o telefone da família? Enfim, tomou um rumo não de reivindicação. Negociamos com quem de fato é legal para a negociação. Caso contrário, imagine, podem aparecer mais 200 comissões, e como a gente faz? Seguimos exatamente a determinação da lei.
FR – Tem ocasionado debates entre os funcionários o banco de horas. Por que a CSN considera que este método que utiliza é melhor para o funcionário?
LA – O banco, hoje, é de seis meses "móvel". O que isso significa? Se faço uma hora extra hoje e não descansar esta hora em seis meses, recebo o pagamento por ela. Por isso chamamos de móvel. Não é aquele banco de um ano que você vai acumulando e folgando e, no final, paga um saldo. Depois de seis meses, este pagamento acaba sendo recorrente se a pessoa não fez a folga. É como está funcionando hoje o nosso banco e estamos colocando em votação para renovação.
FR – Na prática, as pessoas estão sendo remuneradas mais com folgas ou em dinheiro?
LA – Hoje mais com o dinheiro. Se teve a oportunidade de folga nos últimos seis meses e não ocorreu, o pagamento acontece seis meses depois.
LA – Com certeza. Nós estamos numa evolução. Fizemos uma mudança de plano que muda também o modelo, como a forma de atendimento, diferente do anterior. Este plano, em muitos países, principalmente na Europa, é muito mais eficiente porque, de fato, trata a causa. Quando você muda o modelo, muitas vezes [reclamações] não é porque é melhor ou pior, mas porque as pessoas não estão acostumadas com este modelo. Estamos trabalhando para melhorar. Criamos uma comissão para mergulharmos ainda mais nisso. Estamos numa curva de melhora muito grande da satisfação das pessoas. Estamos mergulhando mais para conseguirmos que as pessoas tenham melhor entendimento de como o plano funciona.
Veja abaixo a proposta da CSN