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Cientista de Volta Redonda está na lista dos mais influentes do mundo

11/10/2024 17:57:53
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Filho de um vendedor em loja de ferragens e de uma dona de casa, o professor Matheus Koengkan, nascido em Barra Mansa e criado em Volta Redonda, para onde a família se mudou quando ele tinha 1 ano de idade, tinha tudo para ser apenas mais um na profissão que escolheu. Porém, apesar da origem humilde, e principalmente por isso, com apenas 33 anos ele tem muito do que se orgulhar.

Radicado em Portugal há uma década, Koengkan integra o quadro da conceituada Universidade de Coimbra. E, pelo segundo ano consecutivo, seu nome está na lista dos cientistas mais citados e influentes do mundo (World's Top 2% Scientistss), publicada pela Universidade de Stanford (EUA).

É uma conquista e tanto para o menino que cresceu no bairro Belo Horizonte, em Volta Redonda, foi aluno de escolas públicas na cidade e que, aprendendo Ciências Contábeis, decidiu apostar no sonho de cursar Ciências Econômicas. Aos 23 anos mudou-se para Portugal, tão logo deixou a agência do Banco Mercantil no Aterrado, onde entrou como estagiário, depois de passar pelo INSS.

“Quando nos mudamos para o Belo Horizonte, o bairro ainda não era urbanizado”, lembra Koengkan, que, entre outras, estudou nas escolas municipais Othon Reis Fernandes, no Vale Verde, Rubens Machado, na Vila Brasília, e Escola Estadual Pau D'alho, no Belo Horizonte. Concluiu o Ensino Médio no Colégio Estadual Rio Grande do Norte, no Tangerinal.

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“Em 2010, ingressei no curso de Ciências Contábeis do UniFOA, conciliando os estudos com o trabalho. Em 2014, após ser demitido, decidi usar minha rescisão e o apoio dos meus pais para investir na minha educação, realizando um sonho antigo de cursar Ciências Econômicas. Foi quando me mudei para Portugal”, conta o professor.

No país, o cientista completou o mestrado na Universidade da Beira Interior, em Covilhã. Em 2018, iniciou o doutorado em Economia na Universidade de Évora, concluído dois anos depois.

“Com uma bolsa da FCT, fui pesquisador em diversas universidades portuguesas e europeias, desenvolvendo projetos sobre transição energética, mudanças climáticas, eletrificação do transporte urbano e desigualdade de gênero”, prossegue o cientista. Com seis livros publicados, ele aparece na lista dos mais influentes e citados nas áreas de energia e meio ambiente.

Atuação - Matheus Koengkan atua hoje como investigador no Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra. “Porém, trabalhei anteriormente com investigador na Universidade de Évora, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade de Aveiro, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra”, enumera o professor para explicar em seguida: “Ser investigador é tentar observar e entender o mundo ao seu redor, e ver como ele realmente funciona, identificar inconsistências e criar soluções para estes problemas com o intuito de melhorar a qualidade de vida local e ou da comunidade. Resumindo: observar, estudar, identificar e aplicar para corrigir problemas”.

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A origem de Koengkan – que diz ter sentido “paixão à primeira vista” pela macroeconomia quando ainda cursava Ciências Contábeis – ajuda a entender seu interesse nas questões sociais e como os fatores econômicos impactam o comportamento da sociedade. “Quando a inflação estava alta [no Brasil], via os meus pais racionando nas compras mensais. Isto não só na minha família, mas com todos em geral. Porém, os mais pobres são os mais impactados, pois têm que cortar na carne. Isto sempre me levou à curiosidade em estudar estes fenômenos”.

Feliz com o reconhecimento internacional, o cientista considera que é uma aceitação ao trabalho que vem desenvolvendo e, ao mesmo tempo, está contribuindo para que diversos formuladores de políticas públicas criem soluções eficazes no combate às mudanças climáticas, à desigualdade de gênero, ao câncer e à obesidade, entre outros temas globais.

“No entanto, vejo que o impacto vai além. No plano pessoal, é uma demonstração de que pessoas como eu, vindas da periferia ou de comunidades carentes e marginalizadas, podem mudar o seu destino e aspirar a uma vida melhor. Não é a origem que determina o sucesso, mas as escolhas que fazemos ao longo da vida. Na minha comunidade, vi muitos colegas de escola se envolverem com drogas e, infelizmente, perderem suas vidas de forma trágica”, recorda Koengkan. (Foto: Arquivo pessoal)

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